3 de fevereiro de 2012

Não te conheço



Num cruzamento de olhares e na permuta de singelas palavras, arregacei as mangas na aventura de uma nova partilha que se patenteava aristocrata.
Deixei-me mergulhar naturalmente ao som dos passos que nos acompanhavam. Tudo aconteceu conforme a natureza escolheu, cruzou gratuitamente nossos caminhos.
Tudo começa deste jeito, conhecemos alguém quando menos esperamos. Alguns permanecem do nosso lado, nos despertam, nos valorizam, outros nos deixam perdidos na jornada e rumam em direcção a outros portos.
Indiferentes, enterram para sempre belas palavras trocadas com tanto carisma como se estivéssemos perante o nascimento de uma nova e sublime amizade. Tudo acontece sob um efeito invertido e nos deixam a reflectir. Porque permanecemos com uns e ficamos esquecidos, quase invisíveis aos olhos de outros?
No silêncio de meus pensamentos, anseio despertar em algumas pessoas o carinho e a admiração que elas me causaram.
Há quem chame a esse impulso de atracão, de química, não sei se é, mas de facto parece um íman forte que liga dois metais. Atraem-se uns e repulsam outros sem o menor elo.
Cada criatura é uma autêntica caixinha de surpresas, não conhecemos, criamos uma fotografia, composta da beleza exterior à qual adicionamos comportamentos vitoriosos que de inicio fazem colidir nossos sonhos e nossa criatividade.
O tempo é o nosso maior aliado porque nos dá confirmação que alguns são apenas meros actos que não passaram nem da nossa imaginação, nem do virtualismo de personalidades que se esculpiam artificialmente, ao ponto de dar a entender que seriam um exemplo de criaturas.
Nosso percurso de vida nos permite felizmente colidir também com quem estava a léguas de ser a sólida pedra que construía a mais magestosa amizade. Rompem nossa íris com o microscópico pensamento de ser apenas mais um. Embatemos adormecidos sem nos apercebermos que ali, mesmo do nosso lado está a peça do puzlle que faltava para nos sentirmos completos.
São finais felizes como este que nos enriquecem com a consciência que vale sempre entrar de mergulho na aventura de partilhar um pouco do nosso pequeno mundo com desconhecidos. Vale acreditar que a justiça divina tem o dom de cruzar na hora e no momento certo cada criatura.
Porque sem dúvida alguma, com medos, só desperdiçamos o recurso que temos ao nosso dispor de encontrar verdadeiras pérolas que nos amam, nos preenchem e nos tornam seres mais fortes e iluminados.


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