10 de agosto de 2011

Desfolhada


O ontem, o amanhã, o momentâneo e o eterno.
Memorias que se apagam, memorias que se reciclam. Aquelas que nos abandonaram, impossibilitando gravar a tela de uma vida que ambiciona a oportunidade de renascer num colossal filme. A escassez da memória, exonera-se num amplo espaço para viver intensamente o presente, não existindo ínfimas preocupações daquele passado longínquo. Não por nunca ter existido estilhaços de mágoa e dor, mas antes por prevalecer a vontade do perdão.
Perdão descartado, reciclado e transformado em amor, para não mais atormentar o presente.
Estranhamente subtraem-se males perdoados e adicionam-se escassas lembranças que sobrevivem, remanescendo um duro sentimento de vazio. Um vazio tal que se assemelha a uma árvore desnudada em pleno Outono, sem as folhas para se acoitar nem as raízes para se alimentar.
E porquê?
Porque desaparece assim um passado?
A sombra da questão aflora-se na poeira das dúvidas. Pensa-se ter-se vivido uma vida tão tranquila, que é suprema a vontade de registo.
Buscam-se e rebuscam-se os livros de memórias. Abrem-se os álbuns de fotografias. Salpicos de informação aqui e ali vão triunfando, considerando-se simbólicos fragmentos de um ser peregrino do universo.
A ambiguidade da curiosidade caminha entre as aventuras e os episódios das cenas vividas. Do passado existente que teima em não dar a mão após fazermos as pazes e do presente que se avizinha incompleto.
Vivo procurando as pedras soltas de mim que se querem juntas reconstruindo a fortaleza que se ordena perpetuar concluída.
Genuinamente as memórias do que fui, edifica a pessoa que sou!
 

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