26 de agosto de 2011

Amor encarcerado


Sinto que cavas a sepultura da tua própria felicidade a cada dia.
O amor que te abraça com as mais ternas palavras, jogas no fundo do poço, sem perceberes que com ele pedaços de ti se vão.
Esperas, sentada no parapeito da janela, olhando a encruzilhada de caminhos que tu própria esboças no diário da tua vida. Com eles procuras demonstrar o destoante e esquivo amor de dias ardentes e gélidos.
Um jogo disfarçado de vida ou uma vida jogada em cacos. Um perfeito puzlle completo sem manual de instruções que de nada serve.
A maturidade de um casal eterniza-se incapaz de ler nos olhos um do outro o espelho do fluxo das águas do amor que perpetuamente insiste em amalgamar-se.
Observo o lugar intacto daquele que te guarda no coração alegre. Mas a tua dupla personalidade sobrepõem-se a um amor que teima em dizer-se exíguo quando aos olhos de todos se declara opulento.
No leito das vossas camas, picos de distância rolam nas vossas faces de dor, transformadas na maior queda de pétalas de tristes lágrimas que partilham pelos mundos opostos.
Um sono que teima em não chegar porque o sangue corre fervente nas veias da vontade unir os corpos e os tornar um só.
Na alvorada de um novo dia acordas com a vontade de finalmente agir, aprendes a ser fiel a ti mesma e divorcias-te da outra que não te quer feliz, mas infelizmente tudo em vão.
Porque enquanto o teu ser viver em duas, o teu destino vai morrendo de cansaço de contemplar casais felizes sem dares sequer o primeiro passo. Deitas fora os abraços fortes e armas a cercadura de ferro, vivendo prisioneira na tua própria cela, crendo que assim te proteges e te felicitas com o teu amor-próprio.
Dá-te a oportunidade de sentir a delícia de passear despreocupada pelas ruas de mãos dadas com o teu grande amor. Enquanto não conseguires amostrar ao mundo a tua cara-metade, não consegues manifestar a ti própria que amas de verdade. Despe-te de todos os preconceitos que criaste para te incutires que essa não é a relação para ti.
Rasga o diploma do altruísmo e desvaloriza a posição social que não alimenta a alma e só aniquila o grandioso poder de amar. Abre o fecho eclair do teu mundo interior e completa o vazio que teimas em preencher com superficialidades de sentimentos incompletos e opostas às tuas querenças.
Entende que no amor quem decide não é a razão, mas sim o coração.


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