26 de maio de 2011

Musica no Coração


Percorrendo o bosque da vida encontrei um maravilhoso ser, disfarçado de anjo de firmes asas sobrevoando as mais sumptuosas árvores quase tocando nas nuvens.
Minha aparência encontrava-se na forma de lua em quarto crescente. Pouco notória aos olhos de quem passava. Todos esperavam que ela crescesse, e tornasse a imensa forma redonda e luminosa, dando a oportunidade de converter a mais escura noite na alvorada do sol.
Minha preocupação era desprovida de qualquer vontade, não existia o mais garoto preconceito e tudo poderia acontecer ao sabor da brisa que me tocava levemente com o paladar de um doce afecto. Não me importando com o brilho das estrelas que me circundavam. Para mim cada uma tinha o seu valor pessoal e vivia feliz e despreocupada, não pensando sequer em competir com o que quer que fosse.
E o anjo dourado aos meus olhos lá continuava, olhei-o, com carinho, nada mais. Os ventos o levaram tranquilamente para o seu habitat de grande aventura e mistério.
Suguei com delicadeza o alimento que me permitia crescer tranquilamente e viver as aventuras e desventuras que retirava de quando em quando do baú da minha vida. A boleia que apanhava para prosseguir o meu rumo ora era tomada pelo jacto do vento, presa nas asas dos meus pensamentos que me permitiam viajar pelo mundo inteiro ao meu jeito, ora rastejava, pegando o ónibus da doença que me abraçava, querendo a todo o custo me lembrar que a casa da minha alma sufocava pela pobreza de meus afectos.
As fortes tempestades deram lugar ao desbravamento das árvores do meu bosque, trocando o labirinto de caminhos pelo campo livre de paisagem, deixando-me frente a frente com o meu anjo dourado que surgiu inesperadamente. Não podia fugir, para onde olhar se o deserto à minha volta era imenso? Meus olhos que sempre encontraram o seu porto de abrigo no aconchego dos meus longos cabelos, sentindo-os a sua cabana de acolhimento que lhe permitiam ofuscar os seus mais íntimos sentimentos. Subitamente essa tempestade também a levou, deixando este olhar despido de todo o calor.
Não havia mais como mudar o rumo, se tudo se movia para que estes dois seres se unissem.
Da matemática que até aqui instintivamente escrevia o número dois resultante da soma de um mais um, agora o giz da ardósia também se movia desenhando um apaixonante número um. Como ninguém se lembrou de criar o símbolo matemático do resultado de 1+1=1Coração único de amor?
 Inevitável foi que neste forte cruzamento o amor, nasceu e cresceu com a força de uma flecha rompendo o rosto de alegria, ateado o fogo do coração contrastando com a liberdade das almas que em uníssono tocaram a melodia do planeta terra. “Musica no coração” assim ela se chamava, no brilhante encanto os corpos dançavam, acertando o passo com o ritmo da respiração que silenciosamente se fazia, gerando a depuração de todo um ambiente. O cheiro a rosas acabadas de colher era intenso, a sintonia pura era marcante!
Vozes se ouviram, a luz rompeu, única, redonda, surgiu a lua, nada mais brilhava naquele céu. O anjo pareceu se transformar em sol e desta união surgia uma luz de tal dimensão que nada mais se podia ver, o brilho era total e incandescente.
“Rosa minha cravo teu, para a tua boca beijo meu!”

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