15 de junho de 2011

Colorindo Palavras


 
Um longo sopro em direcção à exuberante onda que tenho pela frente, sai em forma de letras que misturadas com a água transformam-se em graciosas palavras.
Hoje só me vem à memória as palavras que verbalizei, aquelas que o meu coração permitiu chegar aos que amo e aos que me cruzei.
E aquelas que minha garganta abafou, não me permitindo partilhá-las com quem queria. Porque razão, será que eram desnecessárias, será que não eram as acertadas?
Dúvidas e mais dúvidas surgiam antes de lhes dar forma. Pensava primeiro nos outros, sim, pois não os queria magoar. Sentia que não tinha o direito de proferir certas palavras.
Hoje não é bem assim, raramente as engulo, atulhando o meu ser de frágeis castelos de areia de pensamentos ensopados.

Deixo sair os sentimentos sem receio, brincando de moldar e dar formas originais às palavras. Subo à proa do meu barco de desejos e admito jogar com o desafio de partilhas que o vínculo com os outros me permite.
Elas são a porta do convés que se abre para aquela magnífica viagem sobre gigantes ondas dando toda a liberdade ao meu ser.
Palavras vão, palavras vêm, uma delicia quando bem doseadas, e quando bem sentidas. Utilizá-las na perfeição é um grande desafio e uma constante aprendizagem.
Ora deixo sair os pensamentos límpidos de qualquer poeira, sem manuseamentos artificiais, ora a pureza de um sentimento, em comunhão com um meio exterior que não me pertence, é imprescindível cuidar.
Nunca sabemos o valor que uma simples palavra tem para quem a ouve. Tanto pode elevar um coração carente de amor e afeição, como pode destruir o bem-estar de alguém.
È bom saborear uma bela palavra recebida no momento certo, como também é delicioso espalhar o bem com palavras sinceras. Criando conforto e harmonia ao nosso redor.
Palavras feias, rudes e frias também compõem o nosso dicionário, e se existem são para ser utilizadas, mas há que abrir o boião delas o mais raramente possível. Esse doce estragado pelo tempo, tem o odor da desagradável fragrância que invade a praia de qualquer um.
Palavras se ouvem, palavras se soletram, palavras se escrevem, atropelando-se no intuito de serem as escolhidas para ocuparem o lugar central do texto.
Palavras se lêem, ora em longos textos, ora em pequenos trechos, linhas de informação, linhas de diversão, histórias de encantar, notícias bombásticas, verdadeiras ou não. Mensagens de carinho e recados rápidos acompanham a nossa constante corrida contra o tempo.
Gastam-se, constroem-se, lêem-se e reciclam-se deixando livre a página, e a memória para futuras palavras acompanhadas de colossais bagagens que chegam apressadamente dos mais diversos mundos.
Atrevam-se e abram o dicionário das vossas vidas pintando os vossos lábios com as mais coloridas palavras, deixando os tons escuros no fundo do estojo da vossa maquilhagem.
Pois a vida só pode ser bela se a cuidarmos e a embelezarmos com formosas palavras.

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