27 de junho de 2011

Sózinha ou comigo?


Abro as portas da minha praia, sento-me na cadeira de suaves dunas de areia e procuro encontrar no conforto do meu mundo de afectos o encanto da amizade que partilho para comigo.
Repouso minha cabeça na almofada do meu silêncio. Quero descobrir neste aconchego um amor maior do que aquele que voa pelos corações dos que tropeço com tamanha alegria.
Aqui no meu leito, despida das penas do carinho que os outros me presenteiam, abro a janela do meu coração e sugo o doce da boa companhia. Perpétuo um profundo diálogo em forma de silêncio absoluto, preenchendo aquele estranho vazio com palavras-carícias que injecto delicadamente dentro da minha alma.
Medos e vazios são lançados ao mar e ancorados no sótão das recordações mortas de cansaço de tanto uso.
A casa a pouco e pouco encontra-se liberta de poeiras de fantasmas vindos daquele barco naufragado há anos na ilha do Sol no Peru.
O espaço desimpedido me permite começar aquela dança que tanto tenho ensaiado. Mas o desaperto do sapato naquele pequeno pé que busca exaustivamente encontrar o tamanho certo, cria um desalinhar de sequências de passos que ainda não pacifica esta companhia.
Mas continuo gladiando porque quero mesmo perpetuar este namoro encantado com a minha solidão.
Pegar nas asas da ousadia e sentir o prazer de voar pelas brancas nuvens da paz que encontro dentro de mim.
Jamais quero sentir solidão ou medo de a abraçar. Almejo profundamente guardá-la com carinho e respirá-la com serenidade em cada alvorada e em cada anoitecer.
… E finalmente poder gritar alegremente com toda a convicção: Fiz as pazes com a solidão quando ela me deixou abraçar a liberdade de amar até ao mais profundo do meu ser.

1 comentário:

Expresse as suas ideias e pensamentos aqui, mas sem qualquer tipo de linguagem obscena ou abusiva. As suas opiniões são importantes.