18 de abril de 2011

Substituir o Ter pelo Ser



Vamos desenvolver em nós a maravilhosa capacidade de Ser.
Em cada passo, em cada atitude, e na forma que nos seja mais confortável, vamos substituindo nas nossas vidas o TER pelo SER.
De nada nos serve que se consiga esta nova conquista de forma drástica, só nos iria acarretar alguns desagrados. Mas sentir cada conquista por mais pequena que seja, uma vitória, se é isso que realmente pretendemos.
Um  longo caminho temos pela frente, vamos desbravar o imenso bosque que nos é oferecido, pois muito há a percorrer.
Cada um verifica onde estão as suas prioridades e por onde tem que começar.
Dá-me vontade de falar na nova onda de convívios virtuais, onde se Tem amigos às centenas. São amigos de ocasião, que se fala ou não, descartáveis ou não. Que nos dá jeito ou não… Mas Tem-se muitos amigos!
Vamos Ser amigo do nosso amigo. Dispor do nosso tempo ouvindo, acarinhando e apoiando o nosso amigo. Desfrutando do que ele tem de bom e de menos bom. Não nos esquecendo que por vezes quando ele menos merece é quando mais precisa de nós. Não vamos virar-lhe as costas e partilhar com ele só o seu lado bom.
Não nos esqueçamos que um amigo não é só para Ter, como quem colecciona e apregoa aos quatro cantos do mundo que se tem muitos amigos, mas sim é para Ser, festejando juntos nos momentos bons e ajudando nos momentos difíceis.
Em vez de estarmos constantemente preocupados em Ter presentes para oferecer aos nossos entes queridos, vamos antes Ser nós o presente que eles querem receber, sem data e hora específica, por imposição de quem inventou datas para comemorar, mas diariamente ou em todas as situações que estamos juntos, oferecendo o melhor de nós, sendo para eles a pessoa mais carinhosa e dedicada que eles precisam e merecem.
Também deveríamos substituir o Ter os nossos pais ou avós já idosos presos a esta vida terrena cada vez mais anos, prolongando a todo o custo as suas vidas para podermos dizer que os temos, guardando-os na maior parte das vezes em lares de idosos, como uma criança que guarda o seu brinquedo e de vez em quando lembra-se de o ir buscar para brincar com ele. Vamos antes Ser filhos ou netos dedicados aos mais velhos, desfrutando do que eles têm para partilhar connosco. Não nos esquecendo que as experiências que eles têm, são o reflexo da escola da vida que lhes permitiu tirar o mais deslumbrante diploma. Permitamos encontrar tempo nas nossas vidas para os Ter junto a nós, para que possamos Ser aqueles filhos e netos que em anos anteriores tantos momentos nos dedicaram, e que agora merecem todo o nosso cuidado e carinho.
Deixemos de lado aquela imensa vontade de conquistar uma casa de sonho. Nos despreocupemos com o Ter essa maravilhosa casa e antes nos preocupemos em Ser moradores de um lar onde unicamente haja espaço para o amor e para o saudável convívio entre os residentes, e não que seja um lugar onde por vezes prevalece o excesso de espaço e o isolamento de quem a habita. Uma casa que tanto se luta para a adquirir e no final apenas se Tem e não se desfruta dela. Pois no único tempo disponível, a principal preocupação é sair e procurar os mais diversos lugares fora dela para passear.
Não nos vamos impedir de viver, ocupando o maior tempo da nossa vida a conseguir valores monetários para adquirir mais e mais, nos esquecendo de simplesmente Ser.
Deixemos de lado a nossa por vezes obsessão em Ter uma imagem de sonho, esquecendo-nos por vezes do nosso bem-estar interior. Procuremos antes em Ser indivíduos de uma paz interior sem fim, pois a maior beleza que se pode exteriorizar é a que vem de dentro.
Ao invés de Ter na prateleira aquele livro para podermos observar apenas quando temos tempo, vamos antes Ser o actor central da história, vivendo cada ponto e vírgula, apreciando cada linha e entrelinha, porque afinal trata-se da história da nossa vida. Não percamos tempo a Ter simplesmente uma vida, vamos antes Ser a figura principal, vivendo-a na maior intensidade.

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